
Onde estás?
Algo me inquieta,
Algo me intriga,
Algo me anseia. És tu?
Sinto-me como uma cega no meio de uma multidão. Com as mãos procuro tocar-te, reconhecer-te, dizer-te que estou aqui. Sou eu quem procuras tanto.
Mas não; não te vejo, não te falto, não te cheiro, não te oiço, não te saboreio. Apenas vejo sombras; estou à espera de ti meu raio de luz.
Inquieto-me
Intrigo-me
Anseio por ti. Onde andas?
Farto-me de gritar por ti mas não me ouves.
Mesmo assim, visto a minha melhor roupa, ponho o meu melhor perfume, penteio o meu cabelo de modo que fique perfeito; calço uns sapatos que me fazem elegante. Estou pronta. Mas, onde andas?
Nunca mais chegas.
Começo a ficar farta de tanto esperar por ti. Tu não apareces, o perfume está a ficar sem cheiro, a roupa engelhada, o cabelo está despenteado e os sapatos... bem esses estão com a sola rota de tanto andar às voltas enquanto espero por ti. O tempo vai passando e eu já não sou a mesma de antes. A minha cara, o meu corpo começa a ter outras formas.
Tu não apareces.
Começo a ficar velha de tanto esperar-te. Onde andas-te? Onde andas? Onde andarás?
Começo a ficar cansada; aliás, já estou cansada. Vou para a cama. Vou deitar-me no meu lugar, lado direito, porque uma mulher é sempre a leal, a companheira, o braço direito do homem. Já estou deitada. Já não tenho forças de esperar mais por ti. Estou velha, sinto-me velha, cansada e vou descansar. Passo a mão na tua almofada.
Ainda não chegas-te.
Estou mesmo cançada. Sinto que já não te vou ver mais. Vou dormir profundamente. Vou sonhar contigo, assim esperarei por ti na eternidade.
Até um dia.
(é assim que me imagino. Quando for velha e ainda à espera do meu príncipe) que aos meus olhos é você
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